Reanimação cardiopulmonar pediátrica por leigos: acrescente o componente ventilatório às compressões para obter melhores resultados
Sexta-feira, 02/12/2016 - Categoria:
A sobrevivência global foi de 11%, e a sobrevivência neurológica favorável (definida como 1 ou 2 de pontuação na Categoria de Desempenho Cerebral no momento da alta hospitalar) foi de 9,1%.
Na análise multivariável, a reanimação cardiopulmonar feita por leigo foi independentemente associada a melhora geral da sobrevida vs. ausência de RCP feita por leigo (proporções ajustadas 13,2% vs. 9,5%; odds ratio ajustada 1,57) e sobrevivência neurológica favorável (10,3% vs. 7,6%; odds ratio ajustada 1,50).
Para as 1.411 crianças com dados sobre o tipo de RCP recebido, 697 (49,4%) receberam reanimação convencional e 714 (50,6%) receberam somente compressão cardíaca.
Na análise multivariável, somente a reanimação cardiopulmonar convencional foi associada a desfecho neurológico mais favorável em comparação à ausência de reanimação por leigo (odds ratio ajustada 2,06).
Houve interação significativa entre a reanimação cardiopulmonar feita por leigo e a idade da criança. Entre os bebês, a RCP convencional feita por leigo foi associada a melhor sobrevivência global e desfecho neurológico favorável, enquanto a RCP somente com compressão cardíaca teve resultados semelhantes à ausência de reanimação cardiorrespiratória.
Os autores observam que tanto os índices de reanimação cardiopulmonar feita por leigo quanto os índices de sobrevivência foram mais elevados neste estudo do que em relatos anteriores. Eles sugerem que o aumento da reanimação cardiopulmonar feita por leigos possa ser secundário ao aumento da compressão cardíaca isolada feita por leigos que não estavam dispostos a fazer a reanimação cardiopulmonar convencional com o componente ventilatório, o que é corroborado pela observação de que um número quase igual de crianças recebeu reanimação cardiorrespiratória convencional e compressão cardíaca isolada neste estudo. E eles sugerem que, presumivelmente, a melhora dos índices de sobrevivência deve-se ao aumento dos casos de RCP feita por leigo observado neste estudo, bem como à melhor conduta terapêutica após a parada cardíaca.
Entretanto, os autores observam que os índices de sobrevivência entre os bebês permanecem baixos, e como as campanhas de saúde pública atualmente destacam a prática de compressões torácicas em vez da ventilação (que impõe maior dificuldade técnica), "podem ser necessárias estratégias alternativas de saúde pública para melhorar os desfechos nesta faixa etária".
Os pesquisadores também destacam a necessidade de intervenção nas comunidades negras e hispânicas, onde uma iniciativa da saúde pública pode ser empreendida para aumentar a reanimação cardiopulmonar feita por leigos em crianças.
No editorial que acompanha o estudo,[2] as Dras. Sarah E Haskell e Dianne L Atkins (University of Iowa Carver College of Medicine, Iowa City) dizem que este estudo "afirma que estamos progredindo", mas enfatizam que para aumentar os índices de RCP feita por leigos e corrigir a disparidade racial da reanimação cardiopulmonar feita por leigos, será necessário implementar iniciativas nacionais de ensino da reanimação cardiopulmonar.
"Estabelecer uma resposta pública generalizada e eficaz aos casos de parada cardíaca em todo o país é fundamental para melhorar os desfechos de um problema potencialmente tratável", concluem.
Os autores do estudo informaram não possuir conflitos de interesses relevantes. As Dras. Haskell e Atkins recebem modestos proventos do Children"s Hospital of Philadelphia pela participação no projeto de reanimação cardiopulmonar do hospital.
Fonte: Medscape