Radiologistas brasileiros ensinam a procurar achados de imagem típicos de Zika no SNC
Segunda-feira, 12/12/2016 - Categoria: Bem Estar
Chicago — A infecção pelo vírus Zika pode ter efeitos devastadores no sistema nervoso central (SNC) além da microcefalia, e pode causar uma grande variedade de alterações no cérebro, como paralisia e morte nos adultos, de acordo com dois novos estudos realizados no Brasil.
Os dois estudos radiológicos revelaram novas informações sobre o diagnóstico e a avaliação da infecção.
"Todos os radiologistas precisam conhecer esses sintomas típicos porque, algumas vezes, você não vê os sintomas do vírus Zika na gestante", disse a Dra. Bianca Guedes Ribeiro, da Clínica de Diagnóstico por Imagem no Rio de Janeiro.
"Se a microcefalia e as calcificações não aparecerem até o terceiro trimestre, serão tardias", disse ela ao Medscape.
Microcefalia é um termo inespecífico utilizado para descrever um perímetro cefálico pequeno, podendo ser causada por exposição materna ao vírus HIV, ao álcool, à radiação ou aos patógenos TORCH (acrônimo para T oxoplasma gondii, outros, vírus da rubéola, citomegalovírus e vírus herpes simples). Portanto, é importante que os radiologistas saibam o que procurar ao avaliar a suspeita de Zika.
A Dra. Bianca apresentou os resultados de um dos estudos na Radiological Society of North America 2016 Annual Meeting.
Ela seus colaboradores estudaram imagens do sistema nervoso central pré e pós-natal de gestantes expostas ao vírus Zika. Nos exames de imagem feitos por ressonância magnética nuclear (RMN) e tomografia computadorizada (TC), os pesquisadores identificaram alterações cerebrais, como múltiplas calcificações corticais e subcorticais e microcefalia. Os especialistas diagnosticaram na coorte casos de paquigiria, disgenesia do corpo caloso e fontanela anterior pequena, com fechamento prematuro das suturas cranianas.
Durante a apresentação, Dra. Bianca descreveu o caso de uma gestante de 27 anos apresentando febre, sinal indicativo de zika, e exantema na 12ª semana de gestação. Nesse caso, o feto não apresentou microcefalia ou calcificações até a 32ª semana.
"Em um caso como este, a mãe pode só saber que teve a infecção no último ultrassom da gestação", explicou a Dra. Bianca.
Ao encontrar estes achados, pense em zika
Agora que há casos de zika espalhados pelo mundo, radiologistas de outros países devem considerar a infecção pelo vírus Zika ao identificarem esses achados típicos no sistema nervoso central, como acontece atualmente no Brasil, mesmo quando a gestante não tiver história clínica de Zika, disse a Dra. Bianca. "Ao encontrar estes achados, pense em zika", aconselhou a pesquisadora.
"É importante examinar o cérebro em profundidade, porque você obterá informações detalhadas sobre malformações cerebrais que não conseguiria obter com as observações clínicas", disse a Dra. Fernanda Tovar-Moll, do Instituto D"Or de Pesquisa e Ensino, no Rio de Janeiro.
A Dra. Fernanda participou de um estudo recente revelando que várias anomalias cerebrais, além da microcefalia, podem acometer os fetos expostos à infecção intra-uterina pelo vírus Zika (Radiology. 2016; 281:203-218). Os radiologistas precisam estar atentos a estas anomalias de modo a poderem orientar o diagnóstico e oferecer um aconselhamento adequado para as pacientes e seus familiares, explicam os pesquisadores.
Todos os bebês que a Dra. Fernanda e seus colaboradores examinaram exibiam calcificações no cérebro, "particularmente entre a junção da substância cinza e da substância branca", disse a pesquisadora ao Medscape. Leia mais
Fonte: Medscape