Pílula anticoncepcional completa 55 anos
Terça-feira, 18/08/2015 - Categoria: Ginecologia e Obstetrícia
No dia 18 de agosto de 1960 era lançada, nos Estados Unidos, a pílula anticoncepcional, método que chegou ao Brasil dois anos depois e que vem sendo grande aliado de mulheres na prevenção de uma gravidez não planejada.
Ao longo do tempo, muitas polêmicas envolvendo efeitos colaterais permeiam a medicação, como o desenvolvimento de trombose, mas especialistas asseguram o uso do método contraceptivo. “Além de evitar que uma gravidez não planejada aconteça, a pílula regula o fluxo menstrual, reduz a TPM (Tensão Pré-Menstrual), diminui o risco relativo à cisto no ovário e na mama, reduz câncer de ovário e de cólon. Tem uma série de benefícios”, listou o professor do departamento de Ginecologia da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) Fernando Sansone Rodrigues.
O médico explica que todas as mulheres, por conta da condição hormonal, tem maior tendência a ter trombose. “Quando tomam anticoncepcional, as mulheres aumentam em 2,6 vezes o risco de trombose e isso não é uma contraindicação absoluta. Para se ter uma ideia, em uma gravidez aumenta em 12 vezes o risco”, fala.
Em 55 anos, o medicamento teve importantes melhoras. “As pílulas tinham alta dose de estrogênio e, com o avanço das pesquisas, essa taxa foi diminuída”, fala o professor do curso de Farmácia da Universidade Presbiteriana Mackenzie Eder de Carvalho Pincinato. As primeiras continham até 150 microgramas de estrogênio. Em 1995 foram lançadas pílulas de 20 microgramas, e em 2002, de 15 microgramas. “Elas são totalmente indicadas, mas a mulher precisa passar com o médico para que ele defina qual vai ser a dose prescrita”, salienta o coordenador do curso de Farmácia da Universidade Metodista de São Paulo, Sávio Fujita Barbosa.
Ainda assim, algumas mulheres sentem uma série de desconfortos, como enxaqueca, enjoos e apresentam ganho de peso. A empresária Andressa Dantas, 30, de Santo André, tomou a pílula por 15 anos, após iniciar tratamento contra ovários policísticos e teve todos esses sintomas. Decidiu, em janeiro, não fazer mais uso. “Quero que meu organismo funcione normalmente, sem excesso de hormônios desnecessários.”
A analista de recursos humanos Viviane Máximo, 29, de Mauá, também sente esses incômodos, mas, por ora, segue com o medicamento. “Infelizmente, alguns médicos são despreparados para atender mulheres que têm problemas com anticoncepcional. Mas hoje, para mim, ainda é a forma mais segura de evitar uma gravidez.”
Coletor menstrual vem ganhando espaço
A mulher moderna tem ganhado outros aliados no seu dia a dia. Embora inventado na década de 1930, o coletor menstrual tem conquistado fama recentemente. Trata-se de um copinho de silicone, que ao ser inserido no órgão genital feminino retém o sangue, substituindo o absorvente. Vendido principalmente pela internet, custa aproximadamente R$ 80 e tem gerado dúvidas quanto à sua utilização e seus riscos.
A farmacêutica Fabiana Cainé Alves da Graça, 38 anos, de São Bernardo, utiliza o método há três meses. “Pensei em usar por querer outra opção que não fosse o absorvente externo, que nunca achei confortável. Durante muitos anos usei absorventes internos comuns, mas me davam reações desagradáveis e não me sentia segura”, conta.
Como vantagens, ela elenca o fato de poder passar mais tempo sem se preocupar em ir ao banheiro para trocar o absorvente, tendo em vista que o coletor segura por mais horas o fluxo. “É mais uma opção que temos para esses dias e que pode ajudar muito a mulher”, considera.
O professor do departamento de Ginecologia da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) Fernando Sansone Rodrigues diz que o coletor menstrual não traz danos à saúde, desde que sejam tomados alguns cuidados. “Não impõe restrição, porém, há sempre a necessidade de fazer a drenagem periódica, porque você está coletando esse sangue menstrual que pode ser um meio para o crescimento de bactérias. Todos os recursos podem ser usados, mas desde que tomadas as devidas precauções para a segurança da pessoa que usa.”
Fonte: Diário do Grande ABC