Médico do Cetrus comenta principais lesões dos esportes olímpicos
Dr. Ronaldo Lins, de Belo Horizonte, foi um dos quatro médicos radiologistas brasileiros convidados a integrar a equipe olímpica durante os jogos que começam em agosto
Sexta-feira, 05/08/2016 - Categoria: Institucional
Em São Paulo para coordenar o curso de US em Músculoesquelético no Cetrus, o médico Dr. Ronaldo Lins falou sobre a profissão, a importância dos exames de imagem e do aperfeiçoamento na carreira dos recém-formados, e de como serão os atendimentos aos atletas durante as Olimpíadas Rio 2016. “Além da fadiga muscular que os atletas de alto nível já estão suscetíveis em qualquer competição, os jogos olímpicos trazem ainda a pressão emocional, que influencia na ocorrência de lesões”, explica.
Entre os esportes com maior número de lesões, estão o tênis e a ginástica olímpica, segundo o médico. “Mudanças bruscas de velocidade e direção são as principais causas. No tênis, o atleta pode machucar facilmente os cotovelos, ombro, pé, joelho e o quadril, que foi o que aconteceu com o Guga [Gustavo Kuerten]”, explica. Já no caso dos ginastas, a sobrecarga é articular. “São poucas corridas, mas em compensação o impacto é muito grande. Não tem articulação que aguente. Todo atleta de alto nível nesta categoria poderá contar com uma degeneração da articulação, a conhecida artrose, depois dos 40 anos de idade”, completa.
No futebol, o excesso recai sobre os músculos e é comum em um campeonato como o brasileiro, longo e com poucos intervalos entre os jogos, os clubes terem que lidar com muitas lesões o ano todo. “O Atlético Mineiro, por exemplo, tem hoje 11 atletas lesionados. Esse número já chegou a 17”, conta o médico que é também conhecido por atender os dois grandes da capital mineira, Atlético Mineiro e Cruzeiro. “Costumamos brincar que ganha o campeonato o time que tiver mais banco”, brinca.
Atualmente, um jogador de futebol profissional corre de 10 a 12 quilômetros por partida, o dobro do que se corria nas décadas de 1970 e 1980. “É mais em termos de quantidade e intensidade também. Com maior intensidade a fibra muscular entra em fadiga mais facilmente”, completa.
Prevenção
Perguntado sobre formas de prevenção para estas lesões, o médico Dr. Ronaldo Lins ressalta a importância da chamada pré-temporada, onde os atletas passam pelo menos 30 dias antes do início das grandes competições concentrados em condicionamentos físicos. “O objetivo é que a musculatura fique o mais forte possível pra aguentar a tração que será exercida sobre ela. Assim também para tendão e ligamentos”, afirma.
No caso dos conhecidos “atletas de final de semana”, as dicas são: boas horas de sono, cuidado com a alimentação e regularidade nas atividades físicas.
Olimpíadas Rio 2016
Ao lado de outros três médicos brasileiros, o Dr. Ronaldo Lins foi convidado para integrar a equipe que cuidará dos exames de imagem durante as olimpíadas no Rio de Janeiro, mas por motivos pessoais não poderá ir. Ele explica que a estrutura montada pela organização no centro olímpico contará com equipamentos de ressonância e ultrassonografia de altíssima qualidade e que os profissionais que ali estiverem ficarão de plantão ininterrupto durante todos os dias de competição. “A função desses radiologistas é realizar os exames pedidos pelos médicos clínicos de cada equipe/país para ajudar no diagnóstico em cada tipo de lesão individualmente, possibilitando o tratamento adequado o mais rápido possível”, explica.
Atualmente, o conhecimento em diagnóstico por imagem é um diferencial importante para os médicos que vão se dedicar à medicina esportiva. “A imagem e a melhor interpretação por parte do profissional garantem resultados muito mais eficazes do que tínhamos 5 ou 10 anos atrás”, completa o médico que coordena atualmente um curso no Cetrus, nas unidades de São Paulo, Belo Horizonte e Recife, sobre US em Músculoesquelético.