Medicina Regenerativa: um novo passo para o tratamento de lesões com substâncias do seu corpo
União de técnicas possibilitam identificar lesões e tratar, quando possível, sem a necessidade de medicamentos
Sexta-feira, 14/09/2018 - Categoria:
Nem todo mundo gosta de tomar remédios em casos de lesões ou inflamações. Há pessoas que relutam muito e estão sempre em busca de alternativas que possam evitar a ingestão de drogas medicinais. Mas o que fazer quando nos deparamos com um problema de saúde? A boa notícia é que nas lesões desportivas, alguns casos podem ser tratados sem uso de remédios e cirurgias.
O médico radiologista Dr. Ronaldo Lins, coordenador do curso de Ultrassonografia Músculoesquelético do CETRUS, explica sobre as novas técnicas na medicina que estão mudando a forma como lidamos com muitos problemas de saúde ligados as lesões esportivas e degenerativas dos músculos, tendões e cartilagem em geral.
Medicação ou não?
Antes que jogue fora todos os seus remédios o especialista alerta que há situações em que eles precisarão ser utilizados. Hoje há alternativas de tratamento com substâncias que existem no próprio corpo humano. E a ultrassonografia é imprescindível como guia para infiltrar estas substâncias.
“Hoje, na medicina esportiva de alta performance, a tendência é utilizar alternativas de tratamento mais regenerativas com menos medicamentos alopáticos, ou seja, as tradicionais drogas, pois estes medicamentos contêm efeitos colaterais que podem ser nocivos para o atleta e podem atrapalhar no processo de cicatrização”, comenta Lins.
A medicina regenerativa está evoluindo muito no país, especialmente para atletas. Ao contrário da medicina tradicional, na regenerativa são utilizadas substâncias presentes no corpo humano que são colhidas, preparadas e aplicadas diretamente em locais que sofreram algum tipo de lesão. Dessa forma, o corpo tem mais condições de recuperar aquela região ao invés de apenas reparar o tecido lesado sem regenerar sua estrutura adequadamente, o que pode resultar em uma nova lesão. Por meio deste processo, a ultrassonografia, pode ser um método dinâmico e o meio mais indicado para guiar os procedimentos.
Ultrassonografia, a grande aliada no tratamento
Engana-se quem acha que a medicina regenerativa é apenas para atletas. Com indicação médica adequada, todos podem usufruir dos seus benefícios. Isso porque o procedimento consiste em utilizar substâncias do próprio corpo que se encontram dispersas no organismo. Depois de retirá-las, os médicos reaplicam no organismo – e isso funciona como se eles estivessem colocando uma “bomba” de substâncias puramente fisiológica naquela lesão, especificamente. “Para você ter um bom resultado nessa infiltração, é preciso colocar o material coletado diretamente na lesão, por isso a importância da ultrassonografia para direcionar o tratamento”, explica o doutor.
Tecnicamente falando, podem ser extraídas substâncias regenerativas que ajudam na cicatrização normal como fatores de crescimento, macrófagos (células de defesa do organismo que atuam no sistema imunológico) e produtos mitogênicos (substâncias que estimulam a proliferação celular, o crescimento do tecido) que se encontram em nosso sangue por exemplo, através da separação de plasma rico em plaquetas ou de células mesenquimais, que são retiradas da gordura ou da medula óssea do próprio corpo e que têm o poder de proliferação celular, ajudando numa melhor cicatrização da lesão. Quando existe uma lesão, estas substâncias são enviadas ao local em uma quantidade pequena porque elas estão distribuídas pelo corpo todo. Neste tratamento, aumenta-se em até 10 a 12 vezes o que as pessoas possuem no próprio corpo e isso é colocado de uma vez no local da lesão, potencializando a cicatrização.
Além das infiltrações guiadas, a ultrassonografia também pode direcionar terapias de onda de choque ou eletrólise percutânea intratissular (EPI), que são ondas de corrente galvânica utilizadas no processo de regeneração celular, para serem aplicadas no local exato da lesão, tudo para recuperar com melhor qualidade o tecido lesado.
“A inflamação é um processo de cicatrização do corpo - e nós temos o costume de tomar remédio para tirar a inflamação, quando, na verdade, ela é sinal do nosso corpo trabalhando para cicatrizar. Tanto é que ao fazer estas infiltrações, pedimos para o paciente não tomar anti-inflamatório porque corta o efeito do que estamos fazendo. Afinal, é melhor você usar o seu próprio corpo para curar a lesão, se houver possibilidade, do que usar medicamentos para fazer essa cura. Alguns trabalhos com bons níveis de evidência mostram que esses tratamentos podem muitas vezes adiar ou mesmo desconsiderar um procedimento cirúrgico previamente indicado”, detalha o especialista.
Nova técnica no Brasil
Como são alternativas de tratamento recentes, alguns deles ainda são utilizados de maneira experimental no Brasil e não fazem parte do rol de procedimentos, estando ainda sob avaliação dos órgãos competentes. Na Europa e EUA, porém, já são amplamente utilizados, principalmente na medicina esportiva, com resultados satisfatórios ao ponto de tornar-se a medicina regenerativa uma realidade sem volta.
Essa é uma alternativa de tratamento com bons níveis de evidências, porém, tem que ser bem recomendado, para não cair na descrença. Todo caso deve ser estudado pelo médico especialista, a fim de complementar outras técnicas já existentes na medicina.
Oportunidade de mercado em ultrassonografia
O Dr. Ronaldo relata que há muitas oportunidades para médicos interessados em diagnóstico por imagem se aperfeiçoarem na área de intervenção em ultrassonografia. “Acredito que será sempre um método de escolha para intervenção, pois o estudo dinâmico e de baixo custo dá uma certa vantagem em relação aos outros métodos de imagem. É um método dinâmico de imagem que serve para guiar a agulha ou o eletrodo para ser colocado diretamente na região lesada”, explica.
Sobre o Dr. Ronaldo Lins
Médico radiologista é coordenador do curso de Ultrassonografia Músculo Esquelética do CETRUS SP. E participou como médico radiologista da Seleção Brasileira de Futebol na fase de preparação em Teresópolis em 2018.
Sobre o Cetrus
Desde 1995, o Cetrus é um centro de ensino que oferece aos seus alunos metodologia eficiente e constantemente atualizada por profissionais renomados, com ampla experiência em Diagnóstico por Imagem.
O Cetrus dispõe de cursos sobre as principais aplicações da técnica Ultrassonográfica, Radiologia, Ressonância Magnética e Tomografia Computadorizada, métodos aplicáveis em diversas áreas médicas.
Ao longo dos seus 23 anos de existência, tornou-se centro de referência no ensino de Ultrassonografia e diagnóstico por imagem, reconhecido pela qualidade de seus cursos e egressos.
Cetrus possui unidade em São Paulo, Recife e Belo Horizonte.