Consulta sobre cesárea gera polêmica sobre presença de pediatra na sala de parto
Sexta-feira, 15/05/2015 - Categoria:
O prazo de participação na consulta pública do Ministério da Saúde sobre as diretrizes para a cesariana no país, que acabaria na última quarta, foi prorrogado até o dia 25. Uma das polêmicas sobre a consulta envolve a presença dos pediatras na sala de parto.
Uma das 72 questões abordadas na consulta pergunta se é necessária a presença de um “profissional de saúde treinado em reanimação neonatal” na sala de parto e se esse profissional precisa ser um pediatra.
Com base em evidências científicas, o grupo de colabores da consulta entende que “não há necessidade de pediatra na sala de parto em cesariana, quando o feto está a termo, na ausência de sofrimento fetal e na ausência de situação de risco para gestante”.
Mas a recomendação final da consulta não é explícita sobre o tipo de profissional que deve recepcionar o recém-nascido na sala de parto. Diz apenas que é “recomendada a presença de um profissional adequadamente treinado em reanimação neonatal”.
Esse jogo de palavras não agradou os membros da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), que convocou seus membros a participarem da consulta da Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS).
Em nota, o presidente da SBP, Eduardo da Silva Vaz, e as Coordenadoras do Programa de Reanimação Neonatal, Maria Fernanda de Almeida e Ruth Guinsburg, defendem “que a assistência ao recém-nascido na sala de parto seja realizada pelo melhor profissional capacitado, ou seja, o pediatra treinado em todos os procedimentos de reanimação neonatal”. “A SBP entende que, nos locais distantes dos grandes centros, em que a presença do pediatra não é possível, o recém-nascido tem o direito ao melhor atendimento disponível por outro profissional habilitado em ventilação com balão e máscara, cuja atenção esteja voltada exclusivamente para o mesmo.”
OUTRO LADO
Procurado, o Ministério da Saúde informou que a consulta “reforça a importância da presença de um profissional adequadamente treinado em reanimação neonatal (como pediatra, neonatologista, enfermeiro obstetra, enfermeiro neonatal entre outros) em cesariana realizada sob anestesia geral ou se tiver evidência de sofrimento fetal”.
“É importante esclarecer que essa orientação não exclui a presença desses profissionais em outras situações de parto e atendimento ao recém-nascido”, diz nota do ministério.