Edição − Fevereiro/2013 - Categoria: Ultrassonografia Geral
Persistência da Veia Umbilical Direita
Autores:
Adriano Czapkowski
Claudio Rodrigues Pires
Juliana Barreto Braga
Helena Caroline Brandão Almeida Matta
Renata Yumi Owada
Shanna Kiyoshi Sugai
Instituição:
CETRUS – Centro de Ensino em Tomografia, Ressonância e Ultrassonografia
INTRODUÇÃO
A persistência da veia umbilical direita constitui a anomalia do sistema venoso fetal mais frequentemente detectada. A prevalência é estimada em cerca de 1: 250 a 1: 570¹. O diagnóstico ultrassonográfico pode ser realizado no final do primeiro trimestre, através do Doppler colorido e pulsado em secção transversal da circunferência abdominal fetal (Fig 1 e Fig 2). O prognóstico depende principalmente da existência de malformações associadas, observadas em 10-25% dos casos².
Fig 1: Imagem modo B da secção transversal da circunferência abdominal fetal com características normais.
CASO CLÍNICO:
Gestante I.A.L.K., 26 anos, Idade gestacional pelo tempo de amenorréia: 34 semanas e 1dia realizava o pré-natal sem intercorrências clínicas e obstétricas, com biometria fetal compatível. Ao exame US obstétrico do terceiro trimestre observou-se uma veia umbilical localizada à direita da vesícula biliar, com drenagem no ramo porta intra-hepático (Fig 2). Não foram observadas anomalias estruturais cardícas ou em outros órgãos (Fig 3). O parto ocorreu sem intercorrências e a evolução pós-natal dentro dos limites da normalidade.
Figura 2: Doppler colorido da evidenciando a persistência da veia umbilical direita.
Observa-se veia umbilical situada à direita da vesícula biliar.
Figura 3: Imagem modo B dos grandes vasos e traquéia dentro da normalidade
COMENTÁRIOS
Quando isolada, a persistência da veia umbilical direita é geralmente desprovida de repercussões pré ou pós-natais e deve ser considerada uma variante da anatomia normal fetal. Entretanto, deve-se lembrar que pode ser associada a graves anomalias congênitas.
RELEVÂNCIA
Durante o desenvolvimento embrionário há uma alteração vascular em que a veia umbilical esquerda regride e a veia umbilical direita persiste, podendo ser isolada ou associada a outras anomalias congênitas, tais como distúrbios genitourinários, gastrointestinal, cardíaco e esquelético. Em 25% e 20% dos casos, apresentam alterações cromossômicas (Trissomia do18 e Síndrome de Turner) malformação cardiovascular complexa, tais como, transposição dos grandes vasos, estenose pulmonar e Tetralogia de Fallot.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Yagel, S., Kivilevitch, Z., Cohen, S. M., Valsky, D. V., Messing, B., Shen, O. and Achiron, R. (2010), The fetal venous system, Part II: ultrasound evaluation of the fetus with congenital venous system malformation or developing circulatory compromise. Ultrasound Obstet Gynecol, 36: 93–111. doi: 10.1002/uog.7622.
2.Weichert, J., Hartge, D., Germer, U., Axt-Fliedner, R. and Gembruch, U. (2011), Persistent right umbilical vein: a prenatal condition worth mentioning?. Ultrasound Obstet Gynecol, 37: 543–548. doi: 10.1002/uog.7764.
3.Yagel, S., Kivilevitch, Z., Cohen, S. M., Valsky, D. V., Messing, B., Shen, O. and Achiron, R. (2010), The fetal venous system, Part I: normal embryology, anatomy, hemodynamics, ultrasound evaluation and Doppler investigation. Ultrasound Obstet Gynecol, 35: 741–750. doi: 10.1002/uog.7618.