Edição − Janeiro/2013 - Categoria: Ultrassonografia Geral
Neoplasia de Bexiga: Diagnóstico Ultrassonográfico Transvaginal e 3D – Relato de Caso
Autores:
Claudio Rodrigues Pires
Helena Caroline Brandão Almeida Matta
Juliana Barreto Braga
Renata Yumi Owada
Sebastião Marques Zanforlin Filho
Shanna Kiyoshi Sugai
Instituição:
CETRUS – Centro de Ensino em Tomografia, Ressonância e Ultrassonografia
INTRODUÇÃO
O câncer de bexiga é uma das neoplasias com pior prognóstico no sexo feminino, sendo o nono tumor mais prevalente nas mulheres. Esta doença é mais frequente na 6ª e 7 ª décadas de vida. Em 85% dos casos, o tumor pode ser assintomático¹´². A manifestação mais comum é a hematúria. Contudo pode ocorrer aumento da frequência urinária, disúria e dor suprapúbica. O principal fator de risco é o tabagismo, presente em 40% das mulheres com câncer vesical, e a exposição ocupacional a carcinógenos como a benzidina e a ciclofosfamida¹´³. Diante de uma paciente com queixa de sangramento genital no período da pós-menopausa é fundamental a identificação do fator causal para diferenciação entre causas ginecológicas e urinárias¹´²´³. A investigação é usualmente pautada no estudo ultrassonográfico transvaginal (US-TV) e / ou histeroscopia diagnóstica. A US-TV permite a avaliação pélvica completa caso nenhuma patologia endometrial tenha sido detectada³. Carcinoma de bexiga constitui um raro achado em pacientes com sangramento genital anormal.
CASO CLÍNICO
No primeiro caso clínico, uma mulher de 58 anos de idade, menopausada há 6 anos, branca, G3P2A1 foi encaminhada para exame de rotina, sem queixas clínicas. Antecedentes pessoais: tabagista há 30 anos. O exame US pélvico evidenciou presença de imagens vegetantes no interior da bexiga (Fig. 2). Ao exame US-TV com utilização do recurso 3D foram observadas diversas formações irregulares, com fluxo presente ao estudo Doppler e lesões de até 18 mm de diâmetro (Fig.1 e 3).
No segundo caso clínico, uma mulher de 60 anos de idade, menopausada há 11 anos, branca, G4 P4 A0, foi encaminhado para a clínica com sangramento genital pós-menopausa. Antecedentes pessoais: tabagista há 41 anos. Exame US-TV revelou endométrio tênue e linear. A bexiga foi esvaziada de forma incompleta, o que possibilitou a identificação de várias lesões irregulares, vegetantes, imóveis, de até 22 mm de diâmetro com fluxo interno evidente ao estudo dopplervelocimétrico (Fig 4 e 5). Ambas as pacientes foram submetidas a cistoscopia com biópsia e os respectivos estudos anátomo-patológicos revelaram carcinoma de células de transição.
Fig 1. Caso 1: Imagem ultrassonográfica obtida via vaginal queevidencia lesão vegetente intravesical, nos modos 2D 3D.
Fig 2. Caso 1 : Imagem ultrassonográfica via abdominal que evidencia lesão vegetante intravesical no modo 2D.
Fig 3. Caso 1: Imagem ultrassonográfica obtida via vaginal que evidencia lesão vegetente intravesical, no modo 3D.
Fig 4. Caso 2: Imagem ultrassonográfica obtida via vaginal que evidencia lesão vegetente intravesical, no modo 3D.
Fig 5. Caso 2: Imagem ultrassonográfica obtida via vaginal que evidencia lesão vegetente intravesical, com fluxo vascular ao estudo Doppler.
COMENTÁRIOS
O objetivo principal na investigação do sangramento genital na pós-menopausa é excluir câncer endometrial, outras possíveis causas de sangramento devem ser considerados. Na bexiga, as neoplasias são mais comumente localizadas no trígono e nas paredes laterais; sendo assim, a avaliação abdominal é mais limitada, tendo seu diagnóstico marcadamente detalhado pela US-TV, principalmente no modo tridimensional. Este modo permite uma melhor avaliação e definição da lesão. No entanto, existem poucos dados sobre o desempenho global da técnica ecográfica transvaginal e 3D neste contexto e estudos prospectivos são necessários para otimizar sua utilização.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Park HJ et al. Tumor detection and serosal invasion of bladder cancer: role of three-dimensional volumetric reconstructed US. Abdom Imaging; 35(3):265-70,2010.
2. Mazo EB et al. Three-dimentional echography in diagnosis and staging of urinary bladder cancer. Urologia; (3):6-12, 2005. Russian.
3. G. Betsas et al. The use of transvaginal ultrasonography to diagnose bladder carcinoma in women presenting with postmenopausal bleeding. Ultrasound Obstet Gynecol; 32: 959–960 ,2008.