Edição − Janeiro/2013 - Categoria: Ultrassonografia Geral
Diagnóstico Antenatal de Neoplasia de Orofaringe Por Ultrassonografia – Relato de Caso
Autores:
Ana Clara Campos
Claudio Rodrigues Pires
Ligia V. Figueira
Sebastião Marques Zanforlin Filho
Thaisy de Lima Freire
Instituição:
CETRUS – Centro de Ensino em Tomografia, Ressonância e Ultrassonografia
INTRODUÇÃO
Teratomas são tumores compostos de células dos três folhetos germinativos. Epignathus constitui um raro tipo de teratoma da orofaringe proveniente da base do crânio, cuja frequência é inferior a 1% dentre todos os teratomas congênitos. Quando formado a partir do palato ou faringe e se projeta para a boca, pode resultar em risco de vida por obstrução das vias aéreas após nascimento. A assistência intraparto, pelo método EXIT (ex útero intrapartum treatment) pode ser determinante no prognóstico pós-natal.
CASO CLÍNICO
Paciente de 32 anos, com ultrassonografia obstétrica morfológica do 1º e 2º trimestres sem nenhuma alteração anatômica fetal identificada. Na 31ª semana de gestação apresentou aumento significativo da altura uterina no seguimento pré-natal, sem outras intercorrências clínicas. O rastreamento ultrassonográfico no III0 trimestre revelou feto vivo, biometria compatível com idade gestacional de 31 semanas, polidrâmnio (ILA= 27 cm) e massa ecogênica no interior da cavidade bucal (figura 1 e 2). O parto prematuro ocorreu na 32ª semana e realizado tratamento EXIT durante a cesária. O neonato foi entubado e encaminhado para UTI (figura 3). Não teve boa evolução e faleceu com 5 dias de vida.
Exame ecográfico evidencia massa ecogênica no interior da cavidade bucal.
Exame ecográfico em 3 dimensões da face do feto revela protusão do tumor pela rima bucal.
Massa expansiva na cavidade oral do recém-nascido.
COMENTÁRIOS
O rastreamento dos teratomas de orofaringe é realizado no pré-natal com auxílio da ultrassonografia, que identifica massa heterogênea, com componente sólido e/ou cístico. Se a deglutição fetal for prejudicada pode ser observado polidrâmnio. O EXIT consiste na exteriorização do pólo cefálico após a histerotomia seguida da desobstrução das vias aéreas por entubação ou traqueostomia, antes da ligadura do cordão, para posterior ressecção do tumor. A finalidade do método é obter um imediato suporte respiratório neonatal para aumentar a probabilidade de sobrevida do recém-nascido. Para o sucesso do procedimento deve haver equipe médica integrada e parto programado, além de UTI neonatal preparada para receber o nascituro no pós-parto imediato. Dados encontrados na literatura mostram prognóstico e sobrevida reservados.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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